sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Memória imaginada (de Alma Welt)

780

Posso bem imaginar-me já sem vida,
Chorada pelos meus e alguns peões,
Rodo em sua dor já garantida,
E Matilde, minha bá, aos borbotões,

Ela, que talvez arme um escândalo
Com sua exuberância em prantear;
Lucia com o incenso seu de sândalo
E o Galdério, com o olho a marejar,

De novo prestes a no colo me pegar,
Murmurando ao me colocar na mesa:
“Hoje temos leitoinha pro jantar”,

Ao ver-me lá, assim, ainda mais branca,
Qual o manjar da Mutti, a sobremesa,
Dela o único que lembro, pra ser franca...

Nenhum comentário:

Postar um comentário